quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Poema

Quero Escrever o Borrão Vermelho de Sangue

de
Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.

Sérvulo Barros Bezerra disse:
Clarice é um fenômeno inigualável, “em Quero Escrever o Borrão Vermelho de Sangue” ela retrata o intencional da alma, não escreve apenas como o fazem os grandes escritores do gênero, com o próprio sangue transbordante, o seu coração descreve suas intenções, de forma tão clara, quanto o branco da neve, a transparência do seu próprio eu, com isso ela consegue passar ao leitor as suas mais íntimas e legítimas intenções jamais possíveis de um ser biologicamente normal. Ser gênio é um dom divino, ser Clarice, é ser incomparável assim como a essência do Amor.
Acho maravilhosa a expressão e leitura sobre ela. (Rose Almeida Maués)

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